A Ursula von der Leyen e aos nossos líderes da UE:
Financiem o Futuro da Alimentação!
Apelamos a um investimento Moonshot numa rápida transição proteica para tornar a Europa num líder mundial em proteínas sustentáveis, tais como à base de plantas, de fermentação de precisão e de carne e lacticínios cultivados.
A Ursula von der Leyen e aos nossos líderes da UE:
Financiem o Futuro da Alimentação!
Apelamos a um investimento Moonshot numa rápida transição proteica para tornar a Europa num líder mundial em proteínas sustentáveis, tais como à base de plantas, de fermentação de precisão e de carne e lacticínios cultivados.
CARTA ABERTA
Cara Presidente da Comissão von der Leyen e Sr. Ministro António Costa e Silva
CC: Vice Presidente Executivo Frans Timmermans, Comissários Virginijus Sinkevičius, Janusz Wojciechowski, Paolo Gentiloni
Apelamos a que façam um investimento " Moonshot" de €25 mil milhões, entre agora e 2030, para estimular uma rápida transição proteica e tornar a Europa num líder mundial na tecnologia crucial de proteínas sutentáveis.
Estamos à beira de uma revolução tecnológica , uma revolução alimentar sem precendentes desde a alvorada da agricultura há milhares de anos atrás. Esta revolução, liderada pelo sector em rápida evolução da produção de proteína não animal, deixa a Europa com uma escolha: investir agora e colher os benefícios, ou vacilar e atrasar, enquanto o resto do mundo assume a liderança.
Hoje em dia, a agricultura é a maior causa individual de perda de biodiversidade e emite até um terço de todos os gases de efeito de estufa - mais do que todos os nossos carros, aviões e navios juntos. Os maiores danos são provocados pela pecuária, que, por si só, cobre 26% da superfície terrestre, mais do que todas as florestas do mundo juntas. Entretanto, a guerra, choques climátiocs e vulnerabilidades nas cadeias de abastecimento estão a provocar escassez alimentar que colocam a nossa segurança alimentar em perigo.
As crises provocadas pelas nossas dietas parecem inultrapassáveis. Mas serão mesmo? Assim como as fontes de energia limpa estão a chegar rapidamente para substituir os combustíveis fóssies, a produção sustentável de proteína demonstra potencial para reduzir as formas mais danosas de pecuária, a uma escala e velocidade previamente inimagináveis.
A produção sustentável de proteína inclui três áreas cruciais de inovação: fermentação de precisão (uma forma avançada de fermentação, na qual microflora é utilizada para produzir as proteínas e gorduras específicas encontradas em produtos animais), carne cultivada (um método no qual células animais são criadas em larga escala em biorreactores para produzir tecidos animais verdadeiros) e alimentos à base de plantas (que inclui tudo desde favas e leguminosas integrais a leites de plantas e hambúrgueres, salsichas e bifes à base de plantas).
De todas estas, a fermentação de precisão mostra mais promessas, mas é a que tem recebido menos atenção. Neste campo, os inovadores alimentares conseguiram agora aperfeiçoar o antigo processo de fermentação para atingir algo notório: produzir proteínas biologicamente idênticas àquelas que encontramos em carne e lacticínios tradicionais. Através de uma "parceria" com o mundo microscópico, empresas de fermentação de precisão aqui na Europa têm agora a capacidade técnica de produzir queijo sem produtos animais que derrete, cheira e sabe exactamente como o queijo que comemos actualmente. Entretanto, além-mar, gelado, claras de ovo, hambúrgueres "sangrentos" e mais já estão a chegar ao mercado. O mais importante é que a fermentação de precisão já tem provas dadas à escala global, produzindo 99% da insulina , mais de 80% do coalho e a vasta maioria do ácido cítrico do mundo.
Os benefícios ambientais e socioeconómicos da transição proteica são enormes. Transitar para proteínas sutentáveis poderia reduzir os impactos climáticos da carne em até 92%, e os investimentos no sector oferecem o maior potencial de descarbonização de qualquer indústria, por euro de capital investido- ainda maior do que investimentos directos em energia limpa. Ecologicamente, libertando vastas áreas de terra da pecuária, a transição irá permitir uma restauração da natureza a uma escala sem precendentes, que pode ajudar a recuperar habitats vitais e capturar ainda mais carbono.
Economicamente, um sector de proteína completamente desenvolvido pode criar 1.1 biliões de dólares em valor acrescentado bruto e criar 9.8 milhões de empregos verdes a nível mundial até 2050. É importante salientar que estes empregos verdes também incluirão oportunidades para agricultores, não apenas na produção de ingredientes à base de plantas e rações, mas também em Pagamentos de Serviços de Ecossistemas por carbono sequestrado em terras devolvidas à Natureza.
Porém, de todos estes benefícios, o maior de todos é a resiliência sem paralelo que a as proteínas sustentáveis apresentam aos choques e instabilidades das cadeias de abastecimento frágeis do nosso sistema alimentar actual. Será certamente por esta razão apenas que o resto do mundo está a avançar rapidamente. Nações pioneiras como Singapura, Canadá, EUA, Israel, Japão e China estão agora a liderar o mundo no apoio à investigação, desenvolvimento e comercializacão de proteínas sustentáveis, enquanto melhoram urgentemente os seus quadros regulatórios, fiscal e de rotulagem para as ajudar a entrar no mercado. Nos EUA, gelados e leite de fermentação de precisão estão agora disponíveis para os consumidores, enquanto que em Singapura, a carne cultivada já está no mercado.
Mas, aqui na Europa, parecemos presos ao passado. Com a Itália a avançar para banir a carne cultivada e grandes estados membros a não alimentar o sector com financiamento público, estamos uma vez mais a ficar para trás. Os europeus olharam com desalento enquanto isto acontecia com a internet e os serviços de informação, IA e uma multitude de outras indústrias de alta tecnologia, mas não podemos ficar sentados a olhar para o mesmo acontecer com a nossa comida. A revolução proteica acontecerá com ou sem a Europa. A única questão agora é se ajudaremos orgulhosamente a orientar esta transformação, ou se nos manteremos como observadores passivos. Com outros já a liderar a corrida, este é agora um assunto urgente de segurança alimentar fundamental para o continente.
É por isso que nós, os abaixo-assinados, estamos a apelar-vos a que se comprometam com um investimento imediato de €25 mil milhões até 2030 para acelerar o desenvolvimento e comercialização de uma indústria europeia de proteínas sutentáveis. Este valor, embora ambicioso, representa apenas 5% dos €500 mil milhões adjudicados sob o investimento "Green Deal " a ser gasto em indústrias verdes até a mesma data, e nem se compara aos €420 mil milhões de fundos públicos previstos a serem gastos na política agrícola comum até ao final da década. Para além do mais, este investimento reflecte o facto de que as proteínas sutentáveis têm de ser levadas tão a sério como outras tecnologias verdes vitais, tais como eólica, solar e hidrogénio-sectores que também estão a beneficiar dos €210 mil milhões do plano REPowerEU. Com tais investimentos liderados pelo sector público, podemos também garantir que os benefícios de uma transição proteica sustentável serão amplamente partilhados de forma "open-source" e não serão inteiramente capturados por corporações do sector privado.
Acreditamos que esta medida, juntamente com refinamentos muito necessários a nível regulatório, fiscal e de rotulagem, tornará imparável a revolução alimentar e fará com que dietas nutritivas e acessíveis cheguem a todos, revelando ao mesmo tempo benefícios ecológicos, climáticos e económicos profundos. Está na hora de redescobrir o nosso espírito Europeu de inovação e empreendedorismo. Está na hora da Europa liderar a revolução alimentar.
Cordialmente,
Os abaixo-assinados
Apoiantes da nossa carta aberta
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